2º fim-de-semana de março
Serpa anuncia-se branca no suave ondular da planície. Terra rica em património edificado e tradições imateriais, onde o cante e a devoção a Guadalupe são traços de identidade que atravessam gerações, tal como o saber do fabrico do Queijo Serpa, que aqui é uma marca territorial.
Estamos em terras de barro, de grande produtividade agrícola, fazendo dela e dos seus setores complementares a principal atividade económica. Mas esta planície fértil é quebrada pelas elevações das serras de Ficalho e Serpa, onde os solos são pobres e magros. Desta interação de recursos naturais e atividade humana resulta uma paisagem diversa. A par do olival e dos pomares frutícolas que a água do Alqueva trouxe, há também pastagens e montados de sobro e azinho. Uma terra rasgada pelos rios Chança e Guadiana, uma parte do seu território preserva ecossistemas de valor
natural, integrando a ZPE de Mourão, Moura e Barrancos e o Parque Natural do Vale do Guadiana.
Nestes mosaicos de paisagem, ainda há oliveiras milenares que dão azeitonas de qualidade. Cogumelos e espargos que nascem na serra e que podemos encontrar na ementa dos restaurantes. Figo da Índia que ressurgiu em novas plantações e que se vende no mercado local. Queijo que conserva toda a sua genuinidade, mas que também se aromatiza com plantas silvestres. Ervas medicinais, mel e outros produtos que se podem comprar nas lojas do centro histórico. É o resultado do preservar de hábitos e saberes e do surgimento de novas iniciativas associadas aos recursos silvestres.
